terça-feira, 2 de julho de 2013

PRENUNCIO FINAL DO C.E.A

No ano de 1986 eu ia aos sábados para ajudar no C.E.A. como instrutor, para organizar as filas dos visitantes e também para fazer as minhas observações. Ninguém da diretoria naquela época dava detalhes sobre a real situação do observatório. Às vezes eu perguntava e eles respondiam que estavam resolvendo ou diziam que estava na justiça em andamento. 
Pouco tempo antes do seu falecimento, (acho que cerca de 1 mês) num sábado, quando estávamos encerrando as atividades daquela noite, eis que apareceu o padre Jorge Polman para conversar conosco e fazia um bom tempo que não o via, pois quando perguntava por ele, respondiam que estava em seus aposentos, recluso, ou com dor de cabeça. 
Éramos cerca de 6 pessoas,que geralmente estavam todos os sábados ali fazendo atividades, e com um semblante muito triste ele falou que o C.E.A estava a ponto de fechar as suas portas e que a sua situação junto com a congregação estava insuportável e sofrendo de muita pressão dos padres que queriam aquele espaço. Questionamos sobre para onde iria o observatório e ele respondeu: - ainda não sei ! E disse: - só espero que eles não despejem na rua todo esse material, todas essa relíquias que tenho aqui e que levei anos para juntar. Eu fiquei calado só escutando aquela notícia que me pegou de surpresa, os olhos do padre lacrimejaram e senti que a coisa era séria. Entreguei as chaves do portão a ele,  todos nós o abraçamos para encorajá-lo e ele finalizou dizendo que o C.E.A estava nas mãos de DEUS. Fui para casa pensativo e essa foi a última vez que o vi com vida, foi uma despedida. No sábado seguinte iniciou o inverno com fortes chuvas. Quando retornei em Junho após o tempo melhorar e as chuvas darem uma trégua, resolvi visitar o observatório e ao chegar senti algo estranho no ar. Um silêncio incomum.  Perguntei pelo padre Jorge e recebi a notícia que ele havia falecido a poucos dias , o clima era de muita tristeza e saudade entre todos os presentes. Poxa, ninguém me avisou da morte dele, nem seque fui ao seu enterro. Questionei isso várias vezes, e naquela noite não ouve observação e nem visita do público, apenas ficamos ali, os poucos alunos e admiradores que restaram, relembrando e falando sobre a vida dele. Alguns choraram e confesso que foi o pior momento daquele observatório, pois senti no coração que aquele momento era o PRENÚNCIO FINAL DO C.E.A.
Antônio  Alves

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